26 ago 2024

“Ser educanda ajudou a formar o meu caráter e ter a coragem de ir em frente no que eu buscava. Quando fui escolher cursar Licenciatura em Física, recordei das aulas do Garoto Cidadão, em que falamos do nosso futuro e de como seríamos protagonistas dele. Como mulher na física, notei que sem a coragem e perseverança que eles me ensinaram eu não estaria onde estou 

Ana Camilla entrou para o Garoto Cidadão de Araucária (PR) aos 12 anos. Ela afirma que o projeto teve um papel fundamental para “que eu tivesse boas companhias e bons professores para me ensinar”. Como educanda do projeto, Ana Camilla descobriu algumas paixões: “me apaixonei pelo teatro e pela poesia. Gostava da nossa rotina, amava sentar no piso de linóleo e ouvir as ideias”. Foi dentro do Garoto Cidadão que Ana Camilla visitou os primeiros museus, se apresentou em diversos palcos, para os mais diferentes públicos, conheceu a CSN e ganhou duas vezes o festival de poesias encenadas da Secretaria de Cultura de Araucária – a última, com uma poesia escrita por ela.  

Ao encerrar o tempo no projeto, Ana Camilla levou consigo os aprendizados: o teatro passou a ser um hobby e a jovem se tornou cosplayer – arte de se transformar em um personagem a partir do uso de maquiagem, interpretação e vestimentas –, já que “as habilidades que adquiri com o ritual de maquiagem, projeção de voz e estudo de personagem me ajudaram a ir mais longe com a vida cosplayer. Cheguei a aparecer na televisão algumas vezes”, conta. Segundo ela, as aulas de teatro a ajudaram a saber como falar corretamente, se expressar de forma assertiva e ter traquejo social, enquanto as atividades do Projeto de Vida – etapa do Garoto Cidadão em que os jovens são incentivados a construir planos para a vida adulta – a fizeram pensar no futuro de forma clara e objetiva. 

Pensando nesse futuro e com a paixão pelo mundo científico, de querer fazer “o impossível virar possível”, ela escolheu ser cientista: “pensei numa profissão em que pudesse reunir tudo que aprendi no Garoto Cidadão e fora dele”. Hoje, Ana Camilla cursa o segundo ano da graduação em física, na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Como pesquisadora de geologia planetária, ela usa simulação numérica para fazer materiais paradidáticos de astronomia.  

Ela ressalta que, no Garoto Cidadão, “me ensinaram muito mais que música, teatro, dança ou oratória. Me ensinaram a ser humana, a ter coragem e autenticidade, me ensinaram a ser gentil e a ser feroz, habilidades muito valiosas no meio acadêmico, sobretudo em uma área predominantemente masculina como a física”. Foi, inclusive, com as aulas de violino do projeto que ela aprendeu a ter maior consciência corporal, que utiliza enquanto anda pelo laboratório de física.  

Dentro da universidade, Ana faz parte do Centro de Divulgação de Física, que tem como objetivo tornar a ciência lúdica, dinâmica e acessível. Em eventos que envolvem a pesquisa acadêmica, quando alguma criança a pergunta sobre o que é física, ela diz se lembrar do Garoto Cidadão e “das oportunidades que me deram para me tornar uma boa professora e uma boa cientista”. Ela afirma que o a vontade de seguir o caminho da licenciatura veio com os ótimos exemplos de educadores do projeto: “ser educanda ajudou a formar o meu caráter e ter a coragem de ir em frente no que eu buscava. Como mulher na física, notei que sem a coragem e perseverança que eles me ensinaram eu não estaria onde estou”.   

Ana Camilla já tem o próximo passo para o futuro traçado: quer continuar na área acadêmica, com a pesquisa com geologia planetária, e se tornar professora universitária, para “poder fazer a diferença no Ensino Médio e na graduação de outras mulheres que farão física depois de mim, porque é preciso coragem e incentivo”. 

 

Essa e outras histórias você pode conferir em nosso Relatório de Impacto.