“O Bolsa de Teatro é de uma relevância profunda e tem um impacto muito forte na vida dos bolsistas e no desenvolvimento das artes. São três instituições extremamente eficazes que se juntam para formação sólida destes alunos, em um trabalho exemplar. Para nós, essa parceria tem sido fundamental e queremos, cada vez mais, estreitar esses laços”.
Nesta quinta-feira (19), comemora-se o Dia Nacional do Teatro. A data, instituída em 1961, remete à fundação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em 1948, marco na história das artes cênicas no país. O dia traz a possibilidade de se refletir sobre a importância do teatro para a sociedade brasileira e presta homenagem aos profissionais da cena.
Dentre esses profissionais está Lígia Cortez, atriz, diretora teatral, arte-educadora e diretora geral do Célia Helena Centro de Artes e Educação. Foi por intermédio de Nuno Saramago, aluno de mestrado na instituição e Diretor da Prada Embalagens da CSN, que Lígia conheceu o trabalho da Fundação CSN: “eu fiquei encantada! Comecei a entender um pouco melhor e vi que era um trabalho exemplar que merece ser bem conhecido”.
A partir desse encontrou, surgiu a primeira ideia do que viria a ser o Bolsa de Teatro. Sendo fruto de três pilares – CSN, Fundação CSN e Escola Superior de Artes Célia Helena (ESCH) –, o programa “foi uma idealização muito natural e orgânica, que nasceu da escuta de todas as partes”, conta Lígia Cortez. De pronto, a atriz e Diretora do Célia Helena pensou que as instituições poderiam se unir em uma parceria para oferecer aos ex-educandos e ex-educandas do Garoto Cidadão bolsas para cursarem a licenciatura em teatro.
Ao se graduarem em Artes Cênicas, os bolsistas terão o registro do Ministério do Trabalho, o DRT, como atores profissionais, além de estarem graduados e prontos para darem aulas. Para a diretora do Centro de Artes, “isso dá régua e compasso para eles fazerem um outro mestrado ou doutorado, para que sejam artistas com uma bagagem de estudo muito grande, ou até para trabalhar em uma escola pública ou particular, num clube, numa associação, numa secretaria. Abre portas para o vínculo de trabalho. E a Fundação CSN acolheu a ideia com muita vontade”.
Hoje, já com a 2ª edição em curso, Lígia Cortez, entende que essa oportunidade “vai fazer uma grande diferença na vida desses jovens, porque é uma licenciatura aprovada pelo Ministério da Educação com nota máxima e o Célia Helena tem uma trajetória de 45 anos muito bem reconhecida na área artística. Tenho certeza de que eles levarão para a vida essa bagagem de conhecimento que teve início na Fundação CSN e se completa no Célia Helena”.
Além das aulas voltadas às artes, o Bolsa de Teatro proporciona aos bolsistas conhecimento a respeito de mediação cultural, de produção, de gestão. “Temos a expectativa de que os seis bolsistas, se desejarem, possam desenvolver o trabalho de gestão no campo cultural ou desenvolvam uma ideia de festival, aulas, grupos de estudos, grupos de teatro ou de dança ou de música, que eles possam fazer um edital, participar de filmes”, pontua a Diretora. “A gente prepara os bolsistas para que eles pensem o mundo e que tenham uma autonomia na sua gestão”, complementa.
No Célia Helena, os bolsistas têm acompanhamento pedagógico, acolhimento psicológico e o acompanhamento artístico, uma vez que as demandas da escola exigem bastante de cada aluno. Algumas produções feitas por eles já trazem resultados, “como a peça produzida pelo primeiro grupo de bolsistas da Fundação CSN, que é uma peça brilhante! Tem sido uma experiência maravilhosa trabalhar com eles”. A peça a qual Lígia se refere é Irmãs Coragem, escrita e dirigia por Junior Padovani e encenada por ele, Ana Paula Semião e Dudda Oliver.
Desde a estreia da peça, os três bolsistas têm inscrito a obra em diversos editais e “a resposta tem sido bastante positiva, como quando a gente foi para o FENTA, a galera gostou muito”, relata Dudda. Em 2023, ela se mudou para a capital paulista para dar início aos estudos no Célia Helena e ao trabalho como estagiária na Prada Embalagens: “foi um ano de virada de chave e muito aprendizado. Na escola e no trabalho, nos desenvolvemos bastante. Eu, particularmente, na área que eu estou atuando na Prada, aprendi muito”. Ela conta que, atualmente, tem trabalhado mais no setor fabril, “que já é muito interessante, porque fico mais perto do processo de como são feitas as latas, de como é feita a parte do controle de qualidade, o que passa pela gente, o que não passa. É minha parte favorita”. Agora, em 2024, Dudda passou a fazer parte do quadro de funcionários efetivos da Prada.
Os aprendizados como aluna de graduação também estão na lista de novidades do ano de Dudda: “cada dia aprendo mais. São novos professores, sempre algo novo para se aprender em cada matéria, sempre um desafio diferente”. A aula que mais tem chamado a atenção de Dudda, que também já fez parte do Tambores de Aço, é a de expressão musical e voz, porque “gosto bastante de descobrir o que a gente pode fazer com a voz, dos aquecimentos e exercícios vocais”.
Também em meados de 2023, Dudda fez o primeiro trabalho no audiovisual, ramo da atuação em que ainda está se descobrindo. Foi por meio da agência da qual faz parte que encaminhou a possibilidade da atriz participar do filme: “queriam uma atriz negra com as características de uma cientista. E, coincidentemente, ela era muito parecida comigo”. Depois de analisarem o perfil de Dudda, a chamaram para fazer um teste – que o diretor adorou.
“Foi minha primeira experiência no audiovisual: gravei um filme, que será lançado agora em 2024. Estou bem ansiosa para esse momento, porque foi uma experiência muito gratificante, onde consegui juntar coisas que aprendi tanto no Garoto Cidadão como no Bolsa de Teatro”, relata a jovem bolsista. A atriz compôs o elenco do filme baseado numa série infantil chamada Escola de Gênios, como a personagem Alice Ball, uma das primeiras cientistas negras a descobrir o tratamento de Hanseníase. O lançamento do filme será ainda em 2024.
Agora, a partir da 2ª edição do programa, as expectativas com os novos bolsistas “são de que eles se desenvolvam cada um com a sua história, com a sua potencialidade, com seus desejos, suas necessidades e que a gente consiga escutar o que eles têm para produzir e desenvolver. Queremos abrir campos e oportunidades para que eles se desenvolvam no futuro”, diz.
Lígia Cortez reforça que, no Célia Helena, “acompanhamos de perto e temos muita admiração pelo trabalho da Fundação CSN. Essa parceria traz também uma renovação, porque é um trabalho de impacto muito grande porque traz uma valorização desse novo profissional”. “Queremos que o nosso laço com a Fundação CSN se torne cada vez mais estreito, para que ambas as instituições compartilhem com a sociedade a grandiosidade do Bolsa de Teatro e que o programa possa virar fonte de inspiração e reflexão sobre ações que fazem o mundo ser um pouco melhor. Tem sido um grande prazer e uma honra!”, completa.
Essa e outras histórias você pode conferir em nosso Relatório de Impacto.