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Filme selecionado na edição passada do Histórias que Ficam terá estreia nacional em Festival do Rio

Documentário trata da sexualidade de pessoas com deficiência e foi contemplado pelo programa da Fundação CSN, que abrirá as inscrições para a 4ª edição neste mês  

 

Em 2021, Assexybilidade foi um dos quatro projetos selecionados pelo edital “Documentários Transformam”, realizado em parceria com o DOCSP, como parte da 3ª edição do programa Histórias que Ficam. O documentário, idealizado e dirigido por Daniel Gonçalves, tem traços autobiográficos e aborda, por meio de entrevistas e conversas, a vida sexual de pessoas com deficiência. Quem divide o roteiro com Daniel é Vinicius Nascimento, que também assina a montagem do filme. A estreia nacional de Assexybilidade acontece no próximo sábado (07/10), no Festival do Rio.  

Como parte da premiação do Histórias que Ficam, o documentário recebeu o prêmio de Campanha de Impacto no valor de R$ 108 mil, com o objetivo de possibilitar a participação de Daniel e da equipe de produção do filme em processos formativos de distribuição do filme e promover discussões relevantes para a sociedade. Em 2022, Assexybilidade esteve no Good Pitch Brasil – uma das etapas previstas do edital –, programa internacional de capacitação que conecta os melhores documentários de impacto do mundo.  

O objetivo de Daniel com o filme é desconstruir o estereótipo da pessoa com deficiência como alguém desprovido de sexualidade. “Acredito que o filme vá causar um rebuliço quando começar a rodar, porque trata de um tema que ainda é tabu – as pessoas já não falam sobre sexualidade, quem dirá da sexualidade de pessoas com deficiência”, comenta o diretor. 

O diretor conta que a ideia para a elaboração do filme surgiu ainda durante a montagem do primeiro longa-metragem que produziu, intitulado Meu Nome é Daniel, no qual ele já abordava as experiências afetivas e sexuais enquanto pessoa com deficiência: “foi durante nossas conversas que eu e Vinicius, que também foi montador do meu primeiro filme, tivemos a ideia de produzir uma obra que tratasse especificamente da questão da sexualidade de pessoas com deficiência”.  

Assexybilidade foi produzido em duas fases: num primeiro momento, em 2018, com alguns recursos próprios, a dupla fez, por duas semanas, entrevistas e gravações com pessoas conhecidas, amigos de amigos. Foi aí que levantaram algumas possíveis fontes para participar do filme. “Fizemos uma semana de gravação no Rio de Janeiro e outra em São Paulo. Conversamos com treze pessoas e, a partir daí, elaboramos um teaser e começamos a inscrever o projeto em laboratórios”, explica o diretor.  

O primeiro laboratório em que o Assexybilidade esteve presente foi o Visões Lab, do festival Visões Periféricas, ainda em 2018. Ao final da experiência, o documentário venceu o pitching, isto é, uma exposição rápida e objetiva sobre o projeto. Nesse período, surgiu também o interesse da Globo Filmes, em conjunto com a Globo News, de participar da produção do documentário.  

No entanto, com a pandemia iniciada em 2020, Daniel e Vinicius tiveram que pausar o projeto. Apenas no ano seguinte, começaram a retomar as entrevistas que foram feitas em 2018: “fiz uma edição prévia daquelas treze entrevistas, para ver quais usaríamos e quantas pessoas mais teríamos que entrevistar”, explica Daniel. A dupla retomou a pesquisa de novos personagens e a pré-produção, realizando gravações tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo.  

No mesmo ano, com a volta de alguns editais, que a dupla retomou os rumos com o documentário. Exemplo disso foi o edital da Rio Filme, com o qual Daniel já havia sido contemplado com o primeiro longa-metragem, Meu Nome é Daniel: “decidimos inscrever o Assexybilidade e fomos contemplados nesse edital da Rio Filme. O resultado saiu no finalzinho de dezembro de 2021”, relata.   

Nesse meio tempo,  Assexybilidade também se tornou um dos contemplados pelo edital “Documentários Transformam”, que selecionou quatro projetos para participarem de três processos formativos entre dezembro de 2021 e maio de 2022: resultado de uma parceria estratégica da Fundação CSN com o Encontro Internacional de Documentários de São Paulo (DOCSP), com a qual correalizamos um laboratório de distribuição de impacto, consultorias para o desenvolvimento de campanhas e um laboratório de pitching.  

Em julho de 2022, Daniel e Vinícius começaram o processo de montagem do documentário, processo que durou até dezembro de 2022. Agora, Assexybilidade está prestes estrear em nivel nacional, no festival do Rio, no próximo sábado (7/10). Assexybilidade é uma produção SeuFilme e TvZero, com coprodução da Globo Filmes, GloboNews, Globoplay e RioFilme. A distribuição é da Olhar Filmes e o patrocínio da campanha de impacto é da Fundação CSN.            

A partir de 4 de outubro deste ano, a Fundação CSN abre as inscrições para 4ª edição do Histórias que Ficam. Poderão se inscrever projetos documentais que já tenham passado por uma etapa de desenvolvimento e estejam em fase de pré-produção, produção ou montagem. As inscrições vão de 4 de outubro a 5 de novembro e podem ser feitas pelo site do programa. Ao todo, serão distribuídos até R$500 mil para cada uma das quatro propostas selecionadas e R$100 mil para campanha de impacto, além de consultorias criativas que se estendem por todo o período da iniciativa. Nesta edição, a temática será livre e as obras contempladas deverão ser finalizadas até 2025.  

O programa Histórias que Ficam conta com patrocínio da CSN, parceria da Unibes Cultural e realização da Fundação CSN e Ministério da Cultura via lei de incentivo à cultura.