31jul
“Agora sou uma Cidadã do Mundo”- Do interior de Minas Gerais para Nova Iorque

O poder de transformação da educação faz jovens mulheres ganharem o mundo

Marina Freire,17, saiu de São Lourenço, cidade do interior de Minas Gerais, com pouco mais de 45 mil habitantes, “aqui a gente não se estressa com nada”, afirma Isaura Freire,  mãe de Marina, para estudar por dois meses em uma das cidades mais populosas dos Estados Unidos e o centro da Região Metropolitana: Nova Iorque, com pouco mais de 8,5 milhões e meio de habitantes, um verdadeiro choque cultural. “Marina é de uma cidade pequena ela nunca tinha andando em uma cidade grande, nunca tinha andado de metro, ela não conhece nenhuma capital do Brasil e nunca havia saído do país, nos vídeos que ela me manda ela fala impressionada: mãe olha o tamanho dos prédios! Está sendo uma experiência muito enriquecedora.”, afirma Isaura.

A jovem foi uma das 39 selecionadas para o Programa Ganhar o Mundo da Fundação CSN, em parceria com a CSN e com a Barnard College, que tem como objetivo empoderar jovens mulheres por meio da educação. Todas as selecionadas ganharam um curso online de inglês pela English Live, realizaram o Prep Course da Fundação Estudar, curso preparatório que oferece apoio para jovens que desejam cursar a graduação no exterior, e após todas as ferramentas que receberam, podem realizar a aplicação para graduação e concorrer a uma bolsa de estudos na graduação da Barnard College, no final de 2017.

Como parte do programa, das 39 bolsistas 21 foram selecionadas para viajar para Nova York, 11 meninas estão na The New School, em um curso intensivo de inglês com duração de dois meses elaborado exclusivamente para o programa Ganhar o Mundo, já as outras 10 foram para Barnard College vivenciar o clima universitário e conhecer as aulas dos cursos de interesse ao longo de um mês.

A ânsia por conhecimento começou cedo, com três anos Marina começou a se sentir inferior pois não sabia ler, a menina repetia para os pais: “eu não presto para nada, não sei nem ler”, conta Isaura. Foi quando o pai Geraldo resolveu ensinar a menina. Aos 4 anos começou a estudar inglês, se formando aos 13. Desde pequena pensava grande e dizia para os pais que sonhava em ser presidente do Brasil. A veia política começou cedo e acompanha Marina até hoje, ela deseja estudar Ciências Políticas e fazer a diferença na área social, lutando por justiça e igualdade para todas as classes e gêneros.

Marina, uma menina branca, com traços latinos, nunca havia passado por uma situação de preconceito racial, mas logo na primeira semana nos Estados Unidos a garota disse que foi vítima de preconceito, “ao me contar ela se emocionou muito, porque sentiu na pele o preconceito e percebeu a diferença de tratamento por ser latina, ela começou a fazer associação no mundo inteiro e a pensar como seria essa situação na China, na Índia e em diversos outros países, ela refletiu muito sobre essa questão. No Brasil ela nunca havia passado por isso, acredito que essa seja uma das experiências mais enriquecedoras da Marina até hoje.”

A rotina da bolsista em São Lourenço é agitada, filha de Isaura Freire farmacêutica e Geraldo Freire, dentista, a adolescente gosta de estudar, faz dança, aula de canto, academia e se dedica a um grupo voluntário de apoio a jovens em situação de risco ou vulnerabilidade, ao comentar sobre as atividades da filha Isaura pontua: “ela mesmo sempre me diz, mãe eu consigo fazer tudo!”. Uma das características mais marcantes da bolsista é a determinação, quando ela decide fazer algo batalha até o final e se dedica para conseguir. Com o Ganhar o Mundo não foi diferente, “ela queria muito participar do programa e conseguiu! Estamos muito orgulhosos por mais essa conquista da Marina”, reforça Isaura.

Isaura comentou aos risos que Marina era “quase mimada”, segundo a mãe em casa a menina tinha uma vida tranquila e estava sempre amparada “vivia em um mundinho particular”, já em Nova Iorque lavou roupa sozinha, precisa administrar a ajuda de custo que o programa oferece, se dedicar aos estudos e se adaptar a cultura local, completamente diferente da rotina em que vivia. Depois do êxtase inicial, os primeiros dias foram difíceis, “bateu uma saudade, ela ficou com medo e começou a chorar muito, desesperada começou a falar para si mesma: eu preciso me controlar, eu preciso crescer! No outro dia me ligou e contou o que havia acontecido, eu fiquei orgulhosa por ver minha filha mais empoderada e fortalecida, ela já não é mais a mesma. O programa Ganhar o Mundo oferece as ferramentas necessárias para ela e as demais meninas desenvolverem suas qualidades e de fato conseguirem ser a mudança e a diferença que o mundo precisa.”

Um dia antes da nossa conversa, Isaura falou com a filha e perguntou se ela voltaria a mesma pessoa e a resposta foi: “mãe antes eu era apenas uma cidadã de São Lourenço, agora sinto que sou uma cidadã do mundo”, finaliza Isaura.