Aos 28 anos e natural de Volta Redonda (RJ), Lua Léo – nome artístico escolhido pelo bailarino – dança desde os oito. O dançarino conheceu o Centro Cultural Fundação CSN em 2014, quando um amigo o convidou para participar de um sarau no espaço. “Me apaixonei porque eu não sabia que o Centro Cultural tinha um lugar público e que abria portas para artistas como eu. Isso me encantou e, desde então, eu nunca mais quis sair dali”, relembra.
À época, Lua Léo já participava – e liderava – do Grupo Ballare, com vários jovens com o intuito de fazer arte. Esses jovens eram do Ginásio Poliesportivo do Siderlândia que não queriam abrir mão da dança, ainda que com poucos recursos. O bailarino, que já dançava em algumas academias de Volta Redonda, tomou uma decisão: “já que eu tinha esse conhecimento prévio dessas academias e as aulas de balé clássico na cidade eram muito caras, quis ensinar o pouquinho do que eu sabia para as meninas do grupo. E assim fomos unindo experiências”.
Pouco tempo depois, o mesmo amigo que o apresentou ao Centro Cultural durante o sarau explicou sobre as ocupações do espaço – o edital Ocupa regulamenta o procedimento para ocupação de três salas do Centro Cultural Fundação CSN; as ocupações acontecem todo ano, de forma gratuita, para projetos de artes cênicas, música, literatura, artes visuais e ações de formação. Nessa época, Lua Léo se questionava sobre formas de se apresentar dentro do Centro Cultural. Ele conta que descobrir sobre as ocupações foi um processo “maravilhoso, porque eu sempre quis mostrar para o público meu trabalho junto com minhas amigas bailarinas e deu certo”. Foi então que conseguiu, junto do grupo que liderava, realizar a primeira mostra de dança, que ele define como “simples, mas muito significativa” e “mesmo estando um pouco nervoso, tudo que fizemos valeu a pena”.
A partir daí, o contato entre Lua Léo e o Centro Cultural ficou mais próximo e passou a seguir o perfil do Centro nas redes sociais para acompanhar as novidades e editais lançados. Ao começar a frequentar o Centro Cultural de maneira mais assídua, em 2015, Lua Léo reencontrou a quem ele carinhosamente se refere como “minha eterna professora”, Letícia Costa, então responsável pela oficina de dança contemporânea e atual Coordenadora Tambores de Aço Fundação CSN. As aulas deram origem ao grupo Sala de Ensaio, com o qual o dançarino passou a conhecer mais sobre a dança contemporânea.
O Sala de Ensaio trabalhava a proposta do intérprete criador, que consiste na possibilidade da construção de movimento, da consciência corporal e da técnica da dança contemporânea. Essa proposta visa entender o movimento do próprio corpo e desconstruir a técnica do balé clássico, construindo o próprio método por meio de movimentos e da liberdade, com bases do jazz e balé clássico. “Com o grupo Sala de Ensaio, durante todos esses anos, eu aprendi muito a entender o que é o movimento, os processos da dança, cada sentimento envolvido, força e inspiração. Aprendi a entender o que a dança significa para mim e descobri que é uma das coisas mais importantes da minha vida”.
Desde então, Lua Léo revela que, a cada dia que chega no Centro Cultural, sente como se estivesse renascendo com tantas atividades oferecidas: os workshops, as vivências, os cursos, ocupações e as apresentações. “Eu, enquanto artista, tive a oportunidade de fazer parte de vários espetáculos, de participar de várias oficinas, aulas de teatro e capoeira que foram ofertadas pelo Centro Cultural”.
Em 2016, o artista fez o primeiro espetáculo de dança, pelo qual se diz “muito grato ao Centro Cultural, porque não achava que ia conseguir realizar espetáculo por questões financeiras. Mas, com o apoio do Centro Cultural, consegui tirar as ideias de dentro da cabeça e colocar em prática a minha vontade de fazer”. Para ele, o Centro Cultural dá a possibilidade para que os jovens possam mostrar o que eles pensam por meio da arte.
Já em 2018, Lua Léo foi selecionado para dançar no Festival Internacional Curta Dança, que acontece em Belo Horizonte (MG), também pelo incentivo que recebeu no Centro Cultural: “para mim foi muito importante porque todos ali me incentivavam a realmente ser uma bailarina, a ser artista, a acreditar em mim. Todas as pessoas que estavam lá – desde os produtores, os professores, a Giane de Carvalho, coordenadora do Cento Cultural – e que até hoje me incentivam e inspiram”.
O Curta Dança foi o primeiro festival que Lua Léo participou recebendo um cachê. Esteve na capital mineira por cinco dias, fazendo cursos, workshops e palestras. E realizou um sonho: conhecer a escola do Grupo Corpo, companhia de dança de Belo Horizonte reconhecida nacionalmente e pela qual Lua Léo se diz apaixonado. “Para mim, foi uma realização que, sem o Centro Cultural, não seria possível acontecer”. Conheceu a escola, os dançarinos e o coreógrafo do grupo: “foi inesquecível”.
Ao voltar do festival para Volta Redonda, uma luz parecia ter brilhado mais forte: Lua Léo percebeu que gostaria de ser professor de dança e, com isso, se voltou ainda mais ao ensino da prática. Atualmente, ele é o responsável pelo Núcleo de Dança Moara, um grupo e escola de dança que o dançarino montou no bairro em que cresceu, a Siderlândia, onde ensina crianças e adultos a arte do balé, do jazz e da dança livre. “Sou uma pessoa que, independentemente do que todo mundo fala sobre dinheiro, acredito que o que dá dinheiro é fazer aquilo que a gente ama e tudo que faz você se sentir vivo é o que importa”. E, como num movimento de círculo perfeito, hoje ele também segue à frente do grupo Sala de Ensaio.
“Através dos workshops, das vivências, dos cursos, das ocupações e das apresentações que o Centro Cultural oferece, a gente aprende. Esse aprendizado é muito importante para mim, assim como tenho certeza de que é para outros artistas que utilizam o espaço do Centro Cultural”, ressalta ele. “Gratidão e realização”, são essas as palavras que definem a relação dele com o Centro Cultural.