“Conheci o Garoto Cidadão no contexto pandêmico e, para mim, foi uma forma de conhecimento. Foi lá que eu aprendi muitas coisas, que eu conheci mais a minha cultura, mais sobre a arte, e consegui me autoconhecer melhor. O projeto, para mim, foi a primeira vez de muitas coisas.” Luna Binhoti, ex-educanda do Garoto Cidadão de Volta Redonda e atual aluna do Ensino Médio com Curso Técnico em Meio Ambiente do IFRJ
Conhecer o Rio de Janeiro, apresentar um espetáculo em homenagem a Michael Jackson e ter a oportunidade de falar de forma política como defensora dos direitos das crianças e dos adolescentes foram algumas das primeiras vezes que Luna Binhoti, de 15 anos, vivenciou com o Garoto Cidadão. “Até a minha viagem para o Museu do Amanhã, que, além de ter sido minha primeira vez na cidade do Rio, foi a realização de um sonho de quando eu era pequena”, relata.
Luna entrou para o Garoto Cidadão em janeiro de 2020, quando tinha apenas 11 anos. As atividades começaram em março daquele ano, de maneira on-line, por conta da pandemia. Ainda que o contexto fosse de distanciamento social, ela afirma ter feito “muitas amizades lá dentro. O Garoto Cidadão me trouxe muitas oportunidades”. Afeiçoada à música, foi como educanda que Luna teve o primeiro contato com a flauta transversal: “eu não sabia mexer no instrumento, mas os educadores me incentivaram a não desistir de aprender e, aos poucos, fui me aperfeiçoando. Foi quando fiz mais uma apresentação”.
A jovem representou a unidade de Volta Redonda na XI Conferência Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, oportunidade que diz ter sido “uma grande honra!”. A participação de Luna foi no contexto do direito de vez e voz, representando jovens periféricos. Durante o evento, ela relatou o que é de fundamental importância para a inclusão de políticas públicas nas comunidades, fez articulação dos eixos temáticos nos grupos e foi a porta-voz nas plenárias da Conferência.
A ex-educanda relata, ainda, que foi durante as aulas de Projeto de Vida que começou a ter mais perspectiva de futuro, por se sentir incentivada a ir atrás dos objetivos profissionais. Agora, ela cursa o Ensino Médio com Curso Técnico em Meio Ambiente no Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), em Pinheiral. Ela comenta que, como educanda, também aprendeu sobre impactos ambientais e formas de preveni-los – o que a estimulou a buscar por ensino nessa área. “Tudo que eu aprendi dentro do Garoto Cidadão foi de suma importância para eu ser a Luna que sou hoje”, explica.
Quem, assim como Luna, teve a vida transformada ao participar do projeto foi Maria Fernanda Rios.
Nascida em Betim (MG), Maria Fernanda tinha 6 anos quando se mudou para Arcos e o pai a levou para assistir a uma aula experimental no Garoto Cidadão. Por influência da irmã, que fazia ginástica, a primeira aula que Maria Fernanda viu foi a de dança.
Foi amor à primeira vista: “quando vi outras crianças dançando, coloquei na minha cabeça que dançar era o que eu iria fazer”. A jovem conta que entrou para o Garoto Cidadão em seguida, aos 7 anos, e, desde então, continua acompanhando o projeto.
Como educanda do Garoto Cidadão, passou a ter aulas de balé, o que a deixava encantada, porque o balé “sempre foi a minha paixão”. Aos 11 anos, Maria Fernanda participou de uma apresentação do projeto na Praça da Matriz de Arcos. No evento, estava presente uma olheira de uma escola de dança local. Ao final da apresentação, “ela veio me falar que eu dançava muito bem e que eu tinha muito o perfil de bailarina”, relembra.
Após passar as férias em Betim e retornar para Arcos, sua mãe a levou para o estúdio de dança, onde ela recebeu um cartão-surpresa que continha os escritos “Você ganhou uma bolsa de estudos para estudar balé”. A jovem relata a alegria: “Acho que foi o dia mais feliz da minha vida e, desde então, nunca mais parei de dançar”. Passou a frequentar as aulas de balé no estúdio e, pouco tempo depois, também se tornou professora de balé das turmas mais novas.
Em 2023, ela se mudou para a capital mineira para continuar dançando. Depois de receber uma mensagem dos educadores do Garoto Cidadão a respeito de um processo seletivo para estudar no Palácio das Artes, complexo cultural que abriga diversas manifestações artísticas, “achei que seria uma ótima chance pra mim, para tentar ser a bailarina profissional que eu queria ser”, revela. Fez a audição com a expectativa de ser a mais nova aluna do Palácio das Artes e, enquanto esperava pelo resultado, seguiu com a rotina de estudar, dançar e dar aulas de balé. “Acabei esquecendo o dia em que sairia o resultado. Me mandaram a lista dos aprovados e, na hora em que eu vi meu nome em 6º lugar, comecei a gritar e a chorar de felicidade”, conta.
Aos 15 anos, Maria Fernanda entrou para o curso preparatório de balé no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Agora, no 2º ano do Ensino Médio, ela faz parte da turma do Técnico em Balé – para a qual teve que passar por uma nova audição. “Minha rotina neste ano é ir para a escola de manhã, voltar para a casa no almoço e depois ir para o Palácio das Artes.” E ela afirma que tem “amado viver esse sonho”.
Para o futuro, Maria Fernanda quer entrar para uma companhia de balé, “para focar ainda mais em ser bailarina profissional”. Ela ressalta que, dentro do Garoto Cidadão, sempre foi incentivada a não ter medo de crescer: “Agora, eu quero voar, quero conquistar o meu lugar e ser lembrada”.
Essas e outras histórias você pode conferir em nosso Relatório de Impacto.