27jul
Mas o Que É “Casual Business”? – by Maria Livia

Quando li que durante as quartas-feiras não teríamos aulas, mas sim palestras e o projeto Beyond The Gates, fiquei muito curiosa pra saber como isso iria funcionar. Pela descrição, seria um dia no qual na parte da manhã haveria uma apresentação sobre a preparação para a faculdade e, à tarde, uma palestra, visita a uma empresa, empreendedor, instituição… Algo relacionado ao trabalho que uma pessoa ou grupo se dedicam a fazer. Até aí, bem interessante. Mas o que eu realmente queria saber é o quanto esse projeto poderia me mostrar sobre os profissionais.

Fato, o mercado de trabalho é um assunto, no mínimo, complexo. O peso de escolher um curso para a faculdade, que já é grande por si só, duplica se pararmos pra pensar que: depois dos estudos, vem o trabalho. Apesar de ser uma experiência em parte conhecida para mim – acabo de terminar um estágio de seis meses em uma indústria química –, não há informação que seja demais quando falamos de nossas escolhas para o futuro, que está sempre mais perto do que se imagina. E foi por esses e outros motivos que Barnard se propôs a cortar um dia de aula da agenda de todas as participantes do programa, especificamente para nos ajudar a compreender melhor esse grande mistério.

Na primeira semana, minha escolha foi o New-York Historical Society Museum & Library. O tour foi pela exposição Rockwell, Roosevelt & The Four Freedoms – que falava, através das pinturas de Rockwell, sobre as quatro formas de liberdade que os cidadãos devem ter de acordo com as palavras de Franklin Delano Roosevelt. Além de acessar uma parte tão forte da história americana, nossa guia também esclareceu dúvidas sobre como é a vida de quem trabalha em um museu. Em meio a seleções de peças para exposições, os próprios temas das exposições segundo o interesse do público, o design pelo qual tudo será montado, o modo de direcionar o público pela exibição… Todos esses fatores contam e muito para se obter sucesso ao prover informação, que é a maior função de um museu. Também tivemos um bônus quando ela contou de sua formação profissional como educadora, e como ela utiliza isso em prol de seu trabalho, desenvolvendo projetos com jovens de diferentes idades e escolas de New York, com todo o apoio do departamento de projetos sociais do museu.
Minha segunda escolha foi pela área na qual já me aventuro há quase quatro anos: química! Nesse dia, o programa foi sediado aqui mesmo em Barnard College, o professor Andrew C. Crowther foi quem nos recebeu. Há anos no departamento de química, é Ph.D. em físico química, e atualmente desenvolve pesquisas com o grafeno – uma fina camada de átomos de carbono – além de ser quase um especialista em espectrofotometria (o sonho de todo químico). Pudemos ver os laboratórios e o local onde as principais pesquisas são desenvolvidas e, apesar de ter muito mais recursos do que o laboratório de minha escola (ETPC), não pude deixar de me sentir em casa com aquelas paredes brancas e prateleiras de vidrarias. O interessante é perceber o quanto a pesquisa se encaixa com o ensino. No nível superior de ensino é possível pesquisar nos laboratórios durante o verão, e ainda ser pago por isso, o que é uma ótima forma para as alunas que desejam saber como é trabalhar com pesquisa.

Já no último dia do projeto, visitei o BAM (Brooklyn Academy of Music), onde a história impressiona tanto quanto o espaço em si, uma arquitetura que mantém a tradição das antigas casas de espetáculo enquanto também aposta em itens modernos de decoração. Visitamos o teatro e a maravilhosa casa de opera, que tem um palco cheio de segredos para ajudar nas produções e surpreender o público. Durante o tour, tivemos contato com quatro profissionais do local, das áreas de produção de espetáculo, eventos, marketing e coordenadoria. O interessante é ver que eles, apesar de trabalharem por trás das cortinas e não serem conhecidos como os artistas que vemos no palco, contribuem tanto para a vida dessa instituição quanto os próprios artistas. E mais, todos estavam envolvidos com arte, seja nos estudos teóricos ou performance, o que demonstra que mesmo que você não viva de arte, ainda pode tê-la como a parte principal da sua vida, se trabalhar num ambiente que inspira e no qual você é livre para ser criativo e se expressar.

Por fim, não posso deixar minha pergunta inicial sem a devida resposta. Foi pedido que todas as alunas se vestissem de acordo para os três dias do projeto, e a instrução foi “business casual”. A definição desse conjunto de roupas é: “código de vestuário para o trabalho que é um pouco mais informal que o estilo corporativo tradicional”. Confuso. Mas, resumindo, não uma roupa extremamente formal, porém algo que ainda dê para usar no seu ambiente de trabalho. E assim fui, cabelo penteado e scarpin, descobrir que tipo de profissional eu serei daqui a alguns anos.

Brazilian Girl of 506

Por Maria Livia, bolsista do Ganhar o Mundo