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Garoto Cidadão realiza ações em alusão ao 18 de maio

Confira como foi a participação do projeto da Fundação CSN nas atividades do Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

No dia 18 de maio, o Garoto Cidadão levou às ruas ações e atividades que remetem ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, instituído em 18 de maio. A data rememora o assassinato de Araceli, uma menina de oito anos que foi sequestrada, violentada e morta, em 1973, em Vitória (ES) e, desde então, e passou fazer parte da agenda dos Direitos Humanos e da Política Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Há 10 anos a data faz parte do calendário de ações propostas pelo Garoto Cidadão e em 2023 não foi diferente. 

As atividades aconteceram nas cidades onde o projeto está presente – Araucária, no Paraná; Arcos e Congonhas, em Minas Gerais; Coxim, em Mato Grosso do Sul; na comunidade de Heliópolis, em São Paulo; e Volta Redonda e Itaguaí, no Rio de Janeiro – e incluíram apresentações musicais, rodas de conversa, espetáculos cênicos e de dança. Confira o que rolou em cada unidade:  

Em Araucária 

Na unidade de Araucária, no Paraná, o 18 de maio segue sendo um momento de aprendizado e troca de saberes. “É quando temos a oportunidade de falar sobre direitos e instrumentalizar crianças e adolescentes a se proteger. Reunimos todas as linguagens (dança, teatro, música, artes visuais, cultura e cidadania) para disseminar, por meio da arte, o conhecimento sobre essa temática tão vigente no nosso país”, explica Lisania Silva, coordenadora do polo.  

Nesse ano, com a intervenção urbana “Se Olhar Repara” educandos e educandas, em conjunto com os educadores, revitalizaram e ressignificaram o olhar acerca de uma escadaria da comunidade conhecida por ser espaço de prostituição e drogadição. Agora, depois de amplo trabalho artístico que envolveu toda a unidade, escadaria é cenário para falarmos de direitos e práticas de Paz. 

Lisania ressalta que, no Garoto Cidadão, “acreditamos que a arte tem essa capacidade de tocar as pessoas num lugar mais profundo, despertando consciências, proporcionando mudanças de atitudes”, por isso “construímos roteiros, criamos coreografias junto dos jovens, numa dinâmica muito colaborativa. As famílias e nossa comunidade mais próximas também são incluídas no processo”. 

Em Arcos  

Já em Minas Gerais, na cidade de Arcos, o Garoto Cidadão realizou uma blitz educativa no Posto Xodó. A blitz educativa foi pensada pelos educadores do projeto de forma estratégica para alcançar as mais diversas pessoas, incluindo motoristas, pedestres e frequentadores do posto. A equipe do Garoto Cidadão, composta por educandos protegidos e educadores engajados, organizou atividades e distribuiu materiais informativos sobre os sinais de abuso e exploração sexual, além de orientações sobre como denunciar casos suspeitos. 

Durante a atividade, foram examinados diversos temas relacionados à prevenção e combate à exploração sexual infantojuvenil, como a importância da escuta atenta, a identificação de comportamento de suspeitos e a divulgação dos canais de denúncia disponíveis 

Além disso, a equipe do projeto também promoveu rodas de conversa, palestras e atividades lúdicas para envolver e conscientizar os próprios educandos. A ideia foi estimular a reflexão e o engajamento de todos na proteção dos direitos das crianças e adolescentes, fortalecendo a rede de proteção e combate à exploração sexual. 

Para Alex Trevonelly, Coordenador do polo de Arcos, a atividade garantiu que o Garoto Cidadão pudesse dar continuidade ao “compromisso de criar uma sociedade mais justa e segura para as futuras gerações, envolvendo a comunidade e conscientizando-a sobre a importância de denunciar qualquer forma de violência sexual contra crianças e adolescentes”. 

Em Bonito e Porto Murtinho 

Junto da secretaria de assistência social, CMDCA, CRAS, CREAS e Conselho Tutelar, a unidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul, participou, durante todo o mês de maio, de ações sobre a temática do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. As iniciativas envolveram a comunidade local, escolas do município e família dos garotos e garotas, de forma a mostrar a importância da defesa dos direitos da criança e adolescente por meio da arte. 

Flávio Teixeira, coordenador das unidades do Garoto Cidadão de Bonito e Porto Murtinho, explica que a agenda com a programação pautada no 18 de maio é pensada com antecedência para proporcionar reflexões de maneira mais profunda. Nas duas cidades, “fizemos uma ação interna com reflexões e atividades. Para as crianças, construímos um “Jardim da Proteção”: inspirados na campanha Faça Bonito e seus materiais, os educandos e educandas coloriram flores que representam a infância e cultivaram nos jardins das unidades para reforçar que toda criança e adolescente precisa de cuidado e proteção”, explicou Flávio.  

Com o grupo de adolescentes, foram confeccionados cartazes para a “Galeria dos Direitos”. Nesses materiais, os educandos e educandas expressaram, por meio de tinta, imagens e escrita, mensagens para reflexões sobre os direitos humanos e se posicionaram contra toda e qualquer tipo de violência contra criança e adolescente. Essas ações foram desenvolvidas ao longo do mês de maio. 

Ainda em Bonito, foi construída uma performance conjunta das linguagens de teatro e dança, que expressam, por meio da arte, a luta contra as violações de direitos. Foram realizadas 3 apresentações externas, no CRAS, na câmara municipal e em uma praça da cidade. 

Em Coxim  

Em Coxim, cidade do Mato Grosso do Sul, foi ainda em abril que o Garoto Cidadão deu início às ações de conscientização sobre o 18 de maio. Paulo Neri, coordenador do polo, contou que educadores propuseram reflexões acerca da proteção do corpo e emoções, atuando de forma específica com cada idade dos educandos. 

Para rememorar a data, já no mês de maio, a peça de teatro intitulada “A Revolta dos Brinquedos” foi pensada por conta da necessidade de falar sobre relações abusivas de forma lúdica, tratando o tema da violência na figura de brinquedos que são maltratados por sua dona. O elenco da peça foi composto por educandos e educandas da unidade rural do Garoto Cidadão de Coxim, localizada na Fazenda Lambari. 

Ao todo, foram duas apresentações significativas em duas escolas municipais, alcançando um público de aproximadamente 500 pessoas. O coordenador explicou, ainda, que, ao mesmo tempo em que propuseram reflexões sobre o tema da violação de direitos, “também auxiliamos no processo de visibilidade de pessoas oriundas da área rural, propondo ações em que os educandos também ocupem espaço da cidade”. 

Em Volta Redonda  

Coação, manipulação e medo. Essa é uma triste realidade vivenciada por milhares de crianças e adolescentes vítimas de exploração e violência sexual. Um retrato cruel traduzido em números: 70% das vítimas de estupro no Brasil são crianças e adolescentes, sendo que a maioria possui entre 7 e 14 anos. 

Mediante esses dados alarmantes, este ano o Garoto Cidadão de Volta Redonda foi à escola. Lá, após uma intervenção de dança e teatro, seguiu-se para uma roda de conversa. “Foi uma experiência incrível para nossos jovens, que conduziram a roda com outros jovens, um momento de bastante troca e esclarecimentos sobre o tema. Para essa atividade, levamos Bruno Nicolau, conselheiro tutelar, que nos ajudou na condução da conversa. Importante falarmos com constância desse assunto, ainda muito velado e pouco discutido”, pontou Sabine Marangon, coordenadora da unidade 

Em Congonhas  

Enquanto isso, a cidade de Congonhas recebeu o cortejo “Avistando Horizontes” realizado no dia 18 de maio, na Praça JK. A atividade contou com a participação dos educandos e educadores do Garoto Cidadão do município. A intervenção teve como objetivo convidar o público presente a refletir quanto ao direito que cada criança e adolescente tem de crescer e se desenvolver sadiamente, sem ter seus direitos violados ou interrompidos pela brutalidade da violência sexual.  

Magda Puygcerver, coordenadora da unidade do Garoto Cidadão de Congonhas, ressalta que, nessa ação, “realçamos o acesso e a participação ativa dos jovens na cultura e na educação preconizados pelo ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. Acreditamos que iniciativas realizadas em conjunto fortalecem a rede de defesa e proteção da Criança e dos adolescentes. Trabalhar de forma integrada é primordial para a sua completude.” 

Além das mobilizações que acontecem especificamente na data oficial, são promovidos também, anualmente, encontros com os atores da Rede de Defesa e Proteção da Criança e do Adolescentes, a fim de refletir e propor estratégias ao combate desta violência por meio de seminários, fóruns e capacitações.  

Neste ano, ganha destaque a realização do I Seminário Intersetorial para apresentação do diagnóstico “Saber para Prevenir”, que visa identificar o conhecimento de crianças e adolescentes sobre a temática da violência e abuso sexual. Mais de mil crianças e adolescentes participaram da pesquisa, ou seja, um número expressivo de representatividade. O seminário reuniu diversos municípios vizinhos à Congonhas, que trabalham da rede de Assistência, proteção, Desenvolvimento Social e Conselho Tutelar.  

“Sem dúvida, um momento ímpar que nos possibilitou o conhecimento de indicadores importantes para nos auxiliar no fomento à política pública que abrange crianças e adolescente. Acreditamos que, quando uma criança e um adolescentes tem conhecimento de quais caminhos deverá fazer para proceder uma denúncia de violência, esse crime hediondo poderá ser contido e ou interrompido; e que, quando se abre espaço para o diálogo sobre as formas que abuso acontecem, estamos contribuindo para que fiquem mais alertas quanto aos movimentos e sutilezas em que, a maioria dos abusos se configuram”, pontou Magda  

Em Heliópolis 

Na unidade de Heliópolis, a discussão sobre o 18 maio está presente desde 2019, quando o Garoto Cidadão chegou à comunidade de São Paulo. Com a sede inaugurada no final de 2022, os atendimentos com adolescentes começaram em março de 2023. Hoje, o polo atende sete Centros para Crianças e Adolescentes (CCA) e recebe mais de mil crianças e adolescentes.  

Nesse ano, a discussão sobre o combate ao abuso sexual e a exploração sexual de crianças e adolescentes passou por uma roda de conversa com os educandos e educandas, resultado de uma parceria com a EMEF Gonzaguinha, escola da rede municipal de ensino, localizada em Heliópolis, conhecida pela representatividade com pautas sociais. Três turmas da escola estiveram presentes na roda de conversa com os arte educadores do Garoto Cidadão, além de participarem de uma oficina de artes visuais. 

A ação proporcionou às turmas, ainda, a vivência de técnicas de Grafitti, lambes e stencil, com o tema 18 maio e, juntos com os educandos e educandas do Garoto Cidadão, pintaram um muro dentro da escola e montaram um painel de lambes com os rostos dos presentes. 

A coordenadora da unidade, Ana Lucia de Camargo, lembra de outra ação que o Garoto Cidadão irá realizar: “será uma caminhada pelos bairros da Água Funda, Jardim São Saverio e Jardim Maristela, em parceria com os CCAs  da UNAS e o projeto Violência Aqui Não Entra Não (Vanen), onde colaremos lambes denunciando a violência e exploração sexual de crianças e adolescentes”. A ação acontece nos dias 24 (no CCA AZIz), no dia 30 (CCA Plácido) e no dia 31 (CCA GEORGINA). 

Em Itaguaí:  

Já em Itaguaí, as ações voltadas ao 18 de maio foram realizadas pelo CMDCA e pela Secretaria Municipal de Assistência Social, e contaram com a participação de toda a rede de proteção da criança e do adolescente. Educandos e educandas do Garoto Cidadão participaram das atividades em referência à data: uma delas aconteceu na Praça Vicente Cicarino, no centro da cidade, e contou com abordagem aos transeuntes com panfletagem e dialogando sobre a importância de todos estarem comprometidos com a causa. A ação aconteceu em parceria ao projeto Acalantar, responsável pelo atendimento de crianças e adolescentes vítimas de abuso e violência sexual.  

“Foram realizadas diversas apresentações culturais envolvendo linguagens artisticas, como música, teatro e dança. Algumas aconteceram em equipamentos da rede de proteção, incluindo: CRAS Centro, CRAS Brisamar, CRAS Califórnia e Centro de Convivência da Terceira Idade de Itaguaí. Uma oportunidade incrível para troca de ideias”, ressaltou Jorge Alex, coordenador do polo.  

Enquanto Fundação, queremos seguir transformando vidas e comunidades por meio do desenvolvimento social, educacional e cultural. As ações em alusão ao 18 de maio, feitas pelo Garoto Cidadão, reforçam esse nosso propósito. O projeto abre espaço não apenas para que crianças e adolescentes tenham o contato com a cultura nas suas mais diferentes formas, mas para promover debates sobre garantia de direitos e garantir o protagonismo jovem.